sexta-feira, 29 de março de 2024

O sigilo agora foi mistificado: biografia Francesca Woodman


“Artista experimental, fotografava em preto e branco usando longa exposição e composições surrealistas, que permitiam o corpo se misturar com o ambiente e ambos se misturarem com o tempo.¹ Fantasmagórica, em quartos abandonados, onde a arquitetura e os objetos ao redor parecem ter uma presença física mais imperceptível que a sua própria, ela se autorretratou obsessivamente.² Em momentos de vulnerabilidade, Woodman encontrava na fotografia uma maneira de transcender o esteticismo de sua própria forma, questionando conceitos mais amplos de si mesma.³”
Ganhou a primeira câmera fotográfica do pai aos treze anos, uma Yashica, e foi com ela que fez a maior parte do seu trabalho. Depois, mudou-se para Roma, onde herdou o gosto pelo surrealismo em suas frequentes visitas à Librería Maldoror. Gostava muito de dramatizar, tudo a afetava profundamente, excentricidades, literatura gótica e moda. Era muito forte, embora brincasse de ser frágil.

“Durante sua vida, Francesca Woodman soube ser a atriz de um drama que ela mesma dirigiu e mostrava com ambivalência através de uma série de imagens nas quais brincava de aparecer e desaparecer. Era sempre um sim ao mesmo tempo que um não. Estava presente ao mesmo tempo em que se escondia.”

Morreu no inverno de janeiro de 1981, aos 22 anos, pulando da janela do sótão de um prédio no East Side da cidade de Nova York. Infelizmente não encontrou as suas asas antes de cair. Deixou 800 fotografias, as quais estão exposta no Foam Museum de Amsterdã, sob o título de “Francesca Woodman, On Being an Angel.”

“Paradoxalmente, nos mostrando tanto de si, ela conseguiu manter o mistério: revelava só sua alma, não a sua presença, nem a sua vida.”