segunda-feira, 20 de maio de 2024

Acorda o sol pela manhã.

Molhado de suor e sal. De crime e de paixão.

Feito um animal que quer fugir.

Planta algodão, planta nuvens pelo chão.

É só a poeira sentar. E outra vez. E outra vez.

Sim, mais uma vez, outra vez é manhã.

Vou da avenida à estação.

Depois de sonhar no sofá.

Com medo dos pais ou por solidão.

Lembro da manhã na boca do sol.

Minha mãe olhava pra estação.

E via viagens dentro de mim.

Que me vem e me parte toda manhã.

Com medo dos pais ou por solidão.

Na minha cidade do interior.

Os ratos roeram os canaviais.

Moeram o verde em partes iguais.

Deixaram o cofre guardando a luz.

Na minha cidade do interior.

Tudo que chegou, chegou de trem.

A praça, o povo, a fé.

O campo, a bola, o café.

Pra quem mora lá, o céu é lá.

E nada vai bem ou vai mal.

Depois de sonhar no sofá.

Guardaram seu sonho, ficaram em paz.

Que mapa estão os meus pés?

Se nada vai bem ou vai mal.

Que mapa estão os meus pés?

Na minha cidade do interior.

Que mapa estão os meus pés?

Na minha cidade do interior.

Não sei se falo às paredes.

Ponho um disco pra ouvir.

Eu sei lá.


Letras do álbum “Arthur Verocai” por Arthur Verocai. Reescrito (e levemente alterado) por Nuwa em 18 de maio.