sábado, 15 de maio de 2021

por favor, cuide da mamãe







‘Por favor, cuide da Mamãe’ é minha recomendação para o mês (e talvez para o ano inteiro também). Não é o meu livro favorito, mas com toda certeza é o livro mais bonito que eu já li.

Sinopse: Park So-nyo, mãe de 4 filhos, perdeu-se na imensa cidade de Seul enquanto voltava com o esposo para casa em uma cidade rural. Sua última vez vista foi na estação de trem, quando foi deixada para trás. O marido, assumindo que sua mulher estava logo atrás acompanhando-o, notou sua falta apenas quando já desembarcava em outra cidade. Analfabeta e perdida na capital, Mamãe era descrita pelas pessoas que a viam passar pela rua, usando sandálias azuis que causaram um corte tão profundo no dedão do pé que dava para ver o osso, e com roupas de verão até mesmo no frio do inverno. Não há relatos investigativos de sua busca, apenas, as memórias largadas para trás no vagão em que desapareceu.

Mamãe é recontada nessa história através de lembranças compartilhadas com angústia e arrependimento. As três mentes que compõe a trama: a filha mais nova, o filho mais velho e o esposo de Mamãe, remetem no subconsciente o início do seu desaparecimento e o pós, sendo cada um dono de um pensamento particular. Gosto de como a narrativa é muitas vezes dada em segunda pessoa, como um diálogo do livro ao leitor. Penso que é um pouco desesperador também perder o próprio nome para ser chamada só de "Mãe", e isso também me faz refletir sobre as vezes em que tratei a minha mãe como alguém impossível para mim, esquecendo totalmente que ela também é gente. Eu acho que o livro é bem isso, esquecemos que os nossos progenitores são pessoas com histórias próprias e sentimentos também, que já existiam antes mesmo de nós.

“Enquanto a procuram pelas ruas da cidade, o marido e os filhos relembram a vida de Park So-nyo e repassam mentalmente tudo o que não disseram a ela. São essas vozes que revelam os desejos, as dores e os segredos de uma mulher que ninguém nunca conheceu de verdade.”