terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

eu odeio a chuva;

Primeiro, antes de tudo, ela pinga. Pinga mais que eu pinguei na vida.

Nunca tive meus oceanos cheios. 

Lendo as entrelinhas, eu sabia que estava claro que sempre me faltou água, mesmo assim, eu nunca deixei de pingar;

Pingar palavras;

Pingar suspiros;

Pinguei até atitudes.

Pinguei um "bom dia" para a senhora da rua e ela me pingou de volta: uma chuva refrescante, enquanto eu, na boa parte das vezes, pinguei áspera.

Pingo um pouco de mim, desde o pior temporal até a mais agradável garoa. Mas ela, a chuva, pinga mais. Insiste em ser mais intensa que eu. 

Talvez me falta um H2O, ou talvez me falte o dom poético de pingar mais que qualquer outra pessoa pingou em vida. Derramar água pela madeira do quarto de cima, ser de uma profundidade tão intensa que nem sabe se está apenas chorando ou chovendo.

O grande problema é que agora eu não sei mais.

E ela chove. Chove tudo que eu não consegui hoje.