quarta-feira, 10 de julho de 2024

Há muito tempo sonho com você e com todas as coisas que compõem você. Amor, carinho, compreensão, companheira. Sonhos que refletem as coisas que tanto te quero dizer, mas o medo é bobo e sempre deu um jeito de segurar a garganta antes que a minha vontade de te ter escorresse para os meus dedos, e então te pintasse, te tocasse e tivesse a certeza de que você é real. Mais do que eu imaginei e do que eu jurei conhecer todos esses anos, porque você é sempre uma caixinha de surpresas.

Das coisas que quero te dizer 

já faz muito tempo: 

Como te amar nunca foi difícil.

Guardo muito de você nas pequenas coisas do mundo. 

Você quer que eu fique contigo até o dia que todos os bichos devorem a sua carne? E quer que eu seja seu consolo quando não existirem palavras no além, no lugar onde não sabemos para onde iremos?

Na fuga do mundo através do cobertor. Em trocar risadas espontâneas só por querer rir durante o dia. 

segunda-feira, 20 de maio de 2024


Acorda o sol pela manhã.

Molhado de suor e sal. De crime e de paixão.

Feito um animal que quer fugir.

Planta algodão, planta nuvens pelo chão.

É só a poeira sentar. E outra vez. E outra vez.

Sim, mais uma vez, outra vez é manhã.

Vou da avenida à estação.

Depois de sonhar no sofá.

Com medo dos pais ou por solidão.

sexta-feira, 29 de março de 2024

O sigilo agora foi mistificado: biografia Francesca Woodman


“Artista experimental, fotografava em preto e branco usando longa exposição e composições surrealistas, que permitiam o corpo se misturar com o ambiente e ambos se misturarem com o tempo.¹ Fantasmagórica, em quartos abandonados, onde a arquitetura e os objetos ao redor parecem ter uma presença física mais imperceptível que a sua própria, ela se autorretratou obsessivamente.² Em momentos de vulnerabilidade, Woodman encontrava na fotografia uma maneira de transcender o esteticismo de sua própria forma, questionando conceitos mais amplos de si mesma.³”

Ganhou a primeira câmera fotográfica do pai aos treze anos, uma Yashica, e foi com ela que fez a maior parte do seu trabalho. Depois, mudou-se para Roma, onde herdou o gosto pelo surrealismo em suas frequentes visitas à Librería Maldoror. Gostava muito de dramatizar, tudo a afetava profundamente, excentricidades, literatura gótica e moda. Era muito forte, embora brincasse de ser frágil.

“Durante sua vida, Francesca Woodman soube ser a atriz de um drama que ela mesma dirigiu e mostrava com ambivalência através de uma série de imagens nas quais brincava de aparecer e desaparecer. Era sempre um sim ao mesmo tempo que um não. Estava presente ao mesmo tempo em que se escondia.”

Morreu no inverno de janeiro de 1981, aos vinte e dois anos, quando pulou e não encontrou as suas asas antes de cair. Deixou 800 fotografias, as quais estão exposta no Foam Museum de Amsterdã, sob o título de “Francesca Woodman, On Being an Angel.”

“Paradoxalmente, nos mostrando tanto de si, ela conseguiu manter o mistério: revelava só sua alma, não a sua presença, nem a sua vida.”